terça-feira, 22 de outubro de 2013

Olhos de águia

   Pare um momento. Olhe à sua volta. Perceba cada detalhe. Preste atenção. Veja quão interessante é o que está ao seu redor. Use seus olhos de águia!
   Cada pessoa, cada conversa, cada grupo de amigos rindo de piadas sem graça e que ganham sentido porque são ditas entre amigos. Tudo tem um detalhe, uma história, uma particularidade, um sentido de estar vivo naquele momento.
   A menina que dá gargalhadas por algo bobo enquanto mexe nos cabelos e corre com os olhos para seu colega de sala, na verdade quer chamar atenção do garoto. As professoras sentadas no banco do refeitório discutem sobre roupas, filhos, marido, cortes de cabelo, o que irão fazer quando chegarem em casa, falam, falam e falam, afinal, não são apenas professoras, são mulheres! Os professores se recolhem à sala que lhes é reservada, são contidos, brincam pouco. Os garotos conversam sobre a partida do fim de semana, tomam refrigerante em plena manhã, não se importando com seus estômagos, e no decorrer do assunto, o que não falta são palavrões. As garotas por sua vez... não se sabe ao certo o que dizem, são tantas, são cinco, mas fazem um barulho que equivale à vinte e cinco! Cada uma quer se sobressair, com suas diversas histórias, a mais “extrovertida” fala de rapazes, as mais recatadas riem como se rissem de algo proibido, como “ O Crime do Padre Amaro” do século XXI! Nesse momento, os assuntos se mesclam, e já não se pode entender nada! Pulam, batem a mão na mesa, mastigam o lanche sem nenhuma etiqueta, gritam palavras de baixo calão, mas no fundo são boas meninas, a cada segundo surge um assunto... e por aí se perdem...
   Enquanto notava e anotava os detalhes, uma surpresa! Meu prendedor de cabelo sumiu! O que fazer? Quem se aproveitou do meu momento de profunda reflexão para me tirar um bem tão preciso? Será o garoto que houve músicas estridentes no fone de ouvido? Será a senhora da cantina? – sempre soube que ela não gostava de mim! Foi então, que levei um susto ainda maior! Uma garota olhando pra mim, fazia gestos, gritava e apontava na minha direção, me “toquei”. Ela dizia: Melissa, Melissa! Debaixo da sua perna!  Achei o bendito prendedor, mas além dele achei algo mais surpreendente, aquilo que meus olhos de águia não viram antes: outros olhos de águia, tão observadores quanto os meus. 

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