Pare um
momento. Olhe à sua volta. Perceba cada detalhe. Preste atenção. Veja quão
interessante é o que está ao seu redor. Use seus olhos de águia!
Cada
pessoa, cada conversa, cada grupo de amigos rindo de piadas sem graça e que
ganham sentido porque são ditas entre amigos. Tudo tem um detalhe, uma
história, uma particularidade, um sentido de estar vivo naquele momento.
A menina que dá gargalhadas por algo bobo
enquanto mexe nos cabelos e corre com os olhos para seu colega de sala, na
verdade quer chamar atenção do garoto. As professoras sentadas no banco do refeitório
discutem sobre roupas, filhos, marido, cortes de cabelo, o que irão fazer
quando chegarem em casa, falam, falam e falam, afinal, não são apenas professoras,
são mulheres! Os professores se recolhem à sala que lhes é reservada, são contidos,
brincam pouco. Os garotos conversam sobre a partida do fim de semana, tomam
refrigerante em plena manhã, não se importando com seus estômagos, e no
decorrer do assunto, o que não falta são palavrões. As garotas por sua vez...
não se sabe ao certo o que dizem, são tantas, são cinco, mas fazem um barulho
que equivale à vinte e cinco! Cada uma quer se sobressair, com suas diversas
histórias, a mais “extrovertida” fala de rapazes, as mais recatadas riem como
se rissem de algo proibido, como “ O Crime do Padre Amaro” do século XXI! Nesse
momento, os assuntos se mesclam, e já não se pode entender nada! Pulam, batem a
mão na mesa, mastigam o lanche sem nenhuma etiqueta, gritam palavras de baixo
calão, mas no fundo são boas meninas, a cada segundo surge um assunto... e por
aí se perdem...
Enquanto notava
e anotava os detalhes, uma surpresa! Meu prendedor de cabelo sumiu! O que
fazer? Quem se aproveitou do meu momento de profunda reflexão para me tirar um
bem tão preciso? Será o garoto que houve músicas estridentes no fone de ouvido?
Será a senhora da cantina? – sempre soube que ela não gostava de mim! Foi
então, que levei um susto ainda maior! Uma garota olhando pra mim, fazia
gestos, gritava e apontava na minha direção, me “toquei”. Ela dizia: Melissa,
Melissa! Debaixo da sua perna! Achei o
bendito prendedor, mas além dele achei algo mais surpreendente, aquilo que meus
olhos de águia não viram antes: outros olhos de águia, tão observadores quanto
os meus.